domingo, 5 de setembro de 2010

Nota do MST sobre o assassinato de José Valmeristo Soares

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vem denunciar:

1- A ação de Milícia armada do fazendeiro e ex-Deputado Federal Josué Bengstson (PTB), que renunciou ao mandato para fugir da cassação por envolvimento na Máfia dos Sanguessugas, resultaram na morte do trabalhador rural e militante do MST José Valmeristo Soares, conhecido como Caribé. Por volta de 09:00h da manhã, dois trabalhadores rurais, João Batista Galdino de Souza e José Valmeristo, o Caribé, dirigiam-se a cidade de Santa Luzia do Pará quando foram abordados por um grupo de três pistoleiro armados, no ramal do Pitoró, que os obrigaram a entrar em um carro para, em seguida, espancarem-nos e os torturarem. Após a seção de espancamento e tortura, foram obrigados a descer no Ramal do Cacual, próximo à cidade de Bragança, com a promessa de que iriam acertar as contas. Na ocasião, João Batista Galdino conseguiu escapar para a mata, mas ouviu sete disparos.

2- Chegando a cidade de Santa Luzia João Batista denunciou o ocorrido à polícia que, por sua vez, afirmou não poder ir pelo fato de ser noite e, por isso, dificilmente achariam o corpo. A Direção do MST denunciou à Secretaria de Segurança Pública do Pará, por meio de Eduardo Ciso, o acontecimento e ela afirmou mandar um grupo de policiais ao local, além de que conversaria com o Delegado do Interior para tomar providências. Todavia, nada foi feito e, por volta de 10:00h da manhã de hoje (04/09/2010), os trabalhadores rurais encontraram o corpo de José Valmeristo Soares.

3- Os trabalhadores Rurais Sem Terra estão acampados às proximidades da Fazenda Cambará e a reivindicam para criar um assentamento de reforma agrária. A Fazenda Cambará faz parte de uma gleba federal chamada Pau de remo e possui 6.886 ha de terras públicas. O fazendeiro e ex-deputado Federal Josué Bengstson possui somente 1.800 ha com títulos, sendo que a Promotora de Justiça Ana Maria Magalhães já denunciou várias vezes que se trata de terras públicas. Os trabalhadores já haviam denunciado na ouvidoria agrária do INCRA (Ouvidoria Agrária Nacional do MDA), Delegacia Regional do MDA, Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Pará e Secretaria de Segurança Pública do Pará as várias ameaças de morte sofridas feitas pelos jagunços e pela própria polícia de Santa Luzia e Capitão Poço, sem que nenhuma providência tenha sido tomada.

4- Denunciamos ao conjunto da sociedade brasileira mais esse vergonhoso ato de omissão e conluio da Polícia do Pará com os fazendeiros do Estado, bem como a incompetência da Secretaria de Segurança Pública do Pará e do Governo do Estado em resolver as graves violações dos direitos humanos no campo que, diga-se, fazem o Estado atingir o triste posto de campeão nacional de violência no campo. Denunciamos também a inoperância do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, bem como o Programa Terra Legal do Governo Federal que não tem resolvido os problemas fundiários, mesmo aqueles que chegam ao conhecimento público.

6- Exigimos a prisão imediata dos pistoleiros que assassinaram o trabalhador José Valmeristo Soares, bem como dos mandantes Josué Bengstson e seu Filho Marcos Bengstson.

7- Exigimos também a desapropriação imediata da fazenda Cambará para o assentamento das famílias acampadas no acampamento Quintino Lira.


Belém, 04 de setembro de 2010

Direção Estadual do MST – Pará

Reforma Agrária. Por justiça social e soberania popular!

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